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Hugo Munsterberg e Rudolf Arnhein, tidos como dois dos primeiros teóricos do cinema. |
Hugo Munsterberg
Hugo Munsterberg foi um psicólogo alemão, aluno de Wundt. Descobriu o
cinema em 1915 e um pouco por acaso. Ele enxergou muito além de seu
tempo ao prever futuras correntes teóricas que envolvem a recepção do
espectador e seu papel de processo de produção do filme. Durante um mês,
Munsterberg viu filme após filme e em 1916, publicou a obra sobre o cinema:
“The Photoplay, a psychological study”.
Esse livro não é apenas um tratado
psicológico, divide-se em uma estética e uma psicologia do cinema, e ele era
proeminentemente qualificado nas duas áreas. Tem a primeira parte que
estudam em uma perspectiva quase cognitiva antes do tempo, os traços
essenciais das atividades espectatorial, que se torna durante projeção uma
construção de profundidade imaginária, a percepção de um movimento
aparente, que existe a variabilidade da atenção e meios para direção do filme;
o acionamento da memória, imaginação e as próprias emoções.
Na segunda parte, esboça uma estética para o cinema. A arte é
definida, não pela imitação e sim pela transformação do mundo em beleza, um
ideal bem clássico.
O estudo psicológico de Munsterberg começa com uma
análise das ilusões de profundidade e movimentos contínuos criados a partir da
projeção descontínua de fotografias estáticas. O cinema é “mostrado como um
conflito significativo de ações humanas nas imagens móveis, que liberta das
formas físicas do espaço, do tempo e da causalidade”. Ele adotava uma atitude
bem desconfiada da utilização de letreiros e outras menções escritas, assim
como de música de acompanhamento que prejudicava a pureza dos meios
artísticos.
Para Munsterberg, o cinema é mera insignificância sem uma narração,
é só quando se coloca em funcionamento a capacidade narrativa das nossas
mentes, se torna parte desta discussão sobre visibilidade, fantasmagoria e
engajamento do observador, se inserindo também na discussão sobre as
diferenças entre filme e realidade, onde a peça cinematográfica ganha vida.
Argumento que a tecnologia proporcionou o corpo de novo fenômeno e que a
sociedade deu vida a esse corpo forçando a desempenhar inúmeros papéis
reais.
Ele também tinha noção hierárquica da mente, que contém vários níveis,
através da experiência em um deles, inclui o fenômeno Phi, que seria a
retenção de estímulos visuais. Ele concebia o processo cinemático como
processo mental.
Uma demonstração do fenômeno Phi. |
Munsterberg também afirmava a ‘atenção é a mais fundamental das
funções internas que criam o significado do mundo exterior. Para descrever
isso, classifica a atenção em ‘voluntária’, quando temos uma ideia pré-
concebida de qual será o foco de nossa atenção e ‘involuntária, quando o foco
da atenção e dado pelo o que percebemos. Descartava de sua análise aquilo
que não reside no “conteúdo das próprias imagens”, por considerar que aquilo
não é conteúdo, ainda que contribua para direcionar a atenção, funciona
apenas como acessório. O poder de motivação das percepções impostas à
este segundo tipo de atenção pode vir de nossas reações. O que provoca
essas reações é o que assume o controle da atenção. O cinema, para ele, é
arte da mente, assim como a música é do ouvido e a pintura, a do olho. O
teórico em questão dá um ótimo resumo: “A peça cinematográfica conta-nos
uma história humana ultrapassando as formas do mundo exterior, a saber, espaço, tempo e causalidade e ajustando os acontecimentos às formas do
mundo interior, a saber, atenção, memória, imaginação e emoção”. Estes
acontecimentos alcançam isolamento total do mundo prático através da perfeita
unidade de modo e forma pictórica.
Rudolf Arnhein
Rudolf Arnheim foi um psicólogo alemão behaviorista vindo da escola
gestaltista de psicologia e um teórico do cinema subsequente a Hugo
Munsterberg, que é, inclusive, um pouco influenciador das teorias dele. Na
Alemanha, Arnheim publicou o pequeno livro “Film as Art” em 1932. Ele, na
primeira frase da sua obra, mostra-se interessado na questão do cinema como
arte, e mais adiante apresenta o que é representado (mostrado) em uma obra
cinematográfica como um “veículo”, que é, para as demais artes, o que remete
ao que é representado através dele. Por exemplo, a imagem de um livro
(veículo) remete a um livro na realidade. Esse veículo, para Arnheim, faz do
cinema uma representação quase que perfeita da realidade.
Porém, o cinema
deixa de ser arte a partir do momento que o artista não pode interagir com o
veículo, pois o veículo já está pré-definido no filme.
O teórico ressalta que, o que faz do cinema arte é, também, a
ausência da total cópia da realidade, já que, com os filmes da época, tudo que
aparece no filme é transmitido por imagens bidimensionais, o filme era
bidimensional, era reduzido o sentido de profundidade, o tamanho da imagem
não era real, não havia iluminação, nem cor, não havia enquadramentos e nem
continuidade espaço-temporal.
Para ele, o desenvolvimento tecnológico tira a
essência artística no cinema, tal qual a cor, a fotografia tridimensional e o som
presente no filme.
Se quisermos ver o que de arte tem o cinema, não devemos procurar
por som, gesto ou pedra, pois nele não é apresentado nada do mundo, e, sim,
um processo almejando à representação do mundo. Cinema é uma arte que,
diferente de outros tipos de artes, não ganha do mundo um material para fazer
arte e depois manda esse material de volta para o mundo para que faça a
diferença. O cinema é algo que se deve suprimir com a finalidade de explorar
cada vez mais o que ele tem de peculiar, e não apenas se satisfazer com o que
é proposto.
A realidade a qual vivenciamos não é em preto e branco, e o maneira
a qual vemos os objetos não são distorcidos como estes são em uma
fotografia, por exemplo, uma vez que o filme tem como base a fotografia.
Se
fotografarmos um tabuleiro de xadrez sob uma mesa do meio de um de seus
quatro lados, a parte do tabuleiro mais próxima da câmera vai ficar maior e a
mais longe, menor, dando-nos a impressão de que o tabuleiro tem a forma de
um trapézio já que a fotografia é um objeto bidimensional. Porém, se olharmos
a olho nu, é um pouco difícil enxergarmos de tal forma, pois, além de o
tabuleiro não ter realmente a forma de um trapézio, nossos sentidos são
adaptados de tal forma que percebemos as distâncias, percepções, as
localizações, a memória, na qual o cérebro trabalha dando-nos uma imagem
perfeita da realidade concluindo que temos uma visão que enquanto ao cérebro
dá-se como uma operação mental completa, e à retina, parcial.
No livro, Arnheim aponta que a matéria-prima do cinema está na
manipulação pré-lançamento do filme, na sua tecnologia, ou seja, quando o
filme ainda está sendo feito, seguindo um roteiro, quando o filme ainda está
sendo editado, produzido, enfim, manipulado com o intuito de satisfazer a
vontade do artista de como quer que tal obra fique, para que posteriormente
possa ser mostrado às pessoas. Essa é a única forma que o artista tem como
controlar sua obra.
O que é representado no cinema – o veículo é algo totalmente
controlado pelo cineasta. Uma vez que ele sabe o que quer transmitir e o que
quer causar com essa transmissão.
Utilizando da tecnologia, o cineasta pode
dirigir o veículo e a imagem em geral restringindo a visão do espectador, como
o enquadramento, por exemplo. Mas a câmera em movimento lento ou rápido,
traz a nossa mente diferentes reações a esses estímulos causados por esses
efeitos.A partir do momento em que o nexo é tido como uma linguagem
simbólica a ser manipulado pelo artista, o artista precisa aprender a organizar
esse material para que sua ideia seja representada como desejado. O nexo
não é tradutor de algo ou alguém, e, sim, um tradutor que apenas traduz o que
o veículo apresentado está representando.
Arnheim apresenta que o cinema deixa de ser uma obra de arte
quando apresenta o som, o qual tira a atenção total do espectador ao veículo.
O som oferece um enredo e/ou um diálogo talvez, daí mais razões que tirariam
a atenção total ao veículo.
A partir da discussão dos teóricos sobre a representação de aspectos psicológicos no cinema travada a partir do filme "Intolerância", a equipe produziu o seguinte vídeo:
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